Presidente da Petrobras defende renovação energética em evento da OPEP
Para Jean Paul Prates, desafio será repor reservas e produzir hidrocarbonetos ao mesmo tempo em que petroleiras se transformam em empresas de energia.
Ao lado de CEOs das maiores empresas do ramo de petróleo do mundo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu a manutenção das atividades com menor impacto ao meio ambiente e destacou a urgência na mobilização de recursos para fomentar a mudança da transição energética. Prates foi um dos palestrantes do 8º Seminário Internacional da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), realizado no Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, na Áustria. É a primeira vez que um presidente da Petrobras participa do evento.
“Só há uma certeza hoje entre as sociedades estatais e estados nacionais exportadores de petróleo: estamos em tempos de transição inexorável que vai custar a todos e todas muito mais no que se refere à descarbonização e reexploração/revitalização, do que para iniciar investimentos em outras fontes. As companhias têm um duplo desafio de repor reservas e produzir hidrocarbonetos, ao mesmo tempo em que se transformam em empresas de energia e investem em novas fontes. Tudo isso com uma preocupação indiscutível de não deixar ninguém para trás – nem trabalhadores, nem consumidores”, afirmou o presidente da Petrobras.
O evento da OPEP teve como tema “Rumo a uma Transição Energética Sustentável e Inclusiva”. Jean Paul Prates foi um dos convidados do painel “Investimento em Energia: Desafios e Oportunidades”. Ao seu lado estavam Shaikh Nawaf S. Al-Sabah, CEO da KPC (Kuwait); Claudio Descalzi, CEO da Eni (Itália); Russel Hardy, presidente e CEO da Vitol; John Hess, CEO da HESS Corporation (EUA); Sebastião Martins, CEO da Sonangol (Angola); e Alfred Stern, CEO da OMV (Áustria).
O presidente da Petrobras salientou ainda a importância de se considerar as particularidades de regiões, mercados e companhias. “Os perfis distintos atribuirão missões diferenciadas. Recairá a alguns países e companhias a tarefa de persistir na exploração de óleo e gás enquanto outras empresas já tiverem migrado para outras matrizes. Para aqueles profundamente associados às matrizes atuais, não se trata tão somente de mudar os motores, mas fazê-lo de dentro para fora, em um processo de metamorfose”, reforçou.
O executivo destacou também que o processo de troca de uma fonte energética por outra é fácil, no entanto, o real desafio se encontra na descarbonização das operações, de forma a transformá-las em atividades menos danosas ao meio ambiente, ao passo que se mobiliza recursos para fomentar a mudança.
“É preciso mais que uma mudança no produto ofertado, é preciso modificar a demanda e hábitos de consumo. O desafio é mobilizar governos nacionais para contribuir para essa iniciativa. Por outro lado, para os Estados que possuem empresas de energia é natural que as mantenham como alavancas para mudança, que precisa ser feita tanto pelo lado da oferta, quanto pela demanda”, explicou.
O 8º Seminário Internacional da Organização dos Países Exportadores de Petróleo aconteceu nos dias 05 e 06 de julho, em Viena, na Áustria, e contou com a presença de representantes do setor e autoridades globais. O presidente concluiu sua participação destacando que a perspectiva de banimento de novos campos (green fields) não seria realista, sendo mais concreto pensar em otimizações no downstream, a exemplo do que já é planejado pela Petrobras. “Uma saída seria potencializar a revitalização de campos, permitindo a produção a baixo custo, com sustentabilidade. Dessa forma, será possível conduzir a indústria à situação irreversível da descarbonização das operações e transição definitiva às novas fontes energéticas”, finalizou.