Brasil ganha destaque entre produtores mundiais de petróleo com aumento da produção
Alavancado pelo pré-sal, o Brasil foi o quinto país que mais aumentou a produção de petróleo entre 2011 e 2019, no mundo. Um dos principais destaques da geopolítica do petróleo na década de 2010, a expectativa é que a relevância do Brasil no mercado global aumente ainda mais nas próximas décadas.
Levantamento do Valor, com base em dados da petroleira BP e compilados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), mostra que a produção brasileira cresceu 32,4% entre 2011 e 2019, patamar acima da média mundial de 13,1%. Líbia (137%), EUA (116%), Iraque (72%) e Canadá (55%) tiveram evolução mais intensa que a do Brasil.
De 13º maior produtor de petróleo no mundo em 2011, o Brasil avançou para a 10ª posição no ranking, superando países como México e Venezuela, e se tornando o maior produtor da América Latina. Ao todo, o país produziu em 2019, em média, 2,877 milhões de barris/dia, o equivalente a 3% da produção global.
Enquanto no Brasil o pré-sal foi o grande propulsor do crescimento, em países como EUA e Canadá foi a produção não convencional (como o shale americano e as areias betuminosas canadenses).
O levantamento do Valor mostra que o crescimento da produção mundial foi sustentado por países de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Enquanto a produção média dos membros do cartel subiu 1,9% entre 2011 e 2019, a produção fora da Opep cresceu 21% no período. A fatia de mercado da Opep, que em 2011 era de 41,4%, caiu para 37,3%.
Para 2020, no entanto, o relatório de maio do cartel aponta que poucos países fora do grupo devem apresentar crescimento na produção, incluindo, notadamente, o Brasil, além de Noruega, Guiana e Austrália. A expectativa é que a produção não-Opep este ano sofra contração de 3,5 milhões de barris/dia, impacto principalmente de quedas na Rússia, EUA e Canadá, como reflexo da pandemia.
De acordo com o estudo “Energy Outlook 2020”, publicado pela BP em setembro, países de fora da Opep, com destaque para EUA e Brasil, tendem a ganhar mercado até os anos 2030. Nas décadas seguintes, porém, a expectativa é que a produção não-Opep comece a perder espaço para os membros do cartel, que possuem estruturas de custos mais baixas.
A BP estima que a produção brasileira de petróleo crescerá de forma rápida nas próximas décadas, do patamar atual de 3 milhões de barris/dia para um pico de 4,3 milhões a 5 milhões de barris diários.
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