A expertise de quem ‘aprendeu fazendo’
O Brasil sediou o primeiro evento internacional sobre uma disciplina da indústria de óleo e gás que ‘nasceu’ no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello – Cenpes/Petrobras: o que reuniu cerca de 250 especialistas de 20 países, representando mais de 30m organizações, entre operadoras e empresas da cadeia produtiva de óleo e gás, universidades e institutos de pesquisa, além de órgãos reguladores.
O termo Flow Assurance, como ficou reconhecida mundialmente a disciplina referente à garantia do escoamento dos hidrocarbonetos na exploração e produção, principalmente no ambiente marinho, foi cunhado nos anos 1980 pelo time de profissionais da indústria de petróleo no Brasil que buscavam viabilizar as primeiras produções em águas profundas e ultraprofundas na bacia de Campos.
Quanto mais a indústria offshore brasileira avançou em novas fronteiras nesse ambiente, o que resultou na descoberta do pré-sal na primeira década de 2000, a questão da garantia de escoamento da produção de óleo e gás em cenários cada vez mais complexos tornou-se crucial para o setor, em todo o mundo.
(Foto: Divulgação)
O que explica a participação massiva de todos os elos da cadeia produtiva dessa etapa da indústria petrolífera, a exploração e produção de petróleo no evento promovido pela Seção Brasil da Society o Petroleum Engineers (SPE), a maior entidade profissional desse setor no mundo, que tem entre seus afiliados os ‘criadores’ do flow assurance.
“A gente viveu muitos problemas à frente dos demais, porque tínhamos de produzir em um cenário pouco conhecido para os demais e não tínhamos de quem ‘copiar’ soluções. Tivemos que buscar respostas e desenvolver nossas próprias soluções”, pontuou Orlando Ribeiro, Energy Advisor da Norwep, que participou da plenária de abertura das sessões técnicas, no dia 16 de novembro, ao lado de Carlos Mastrangelo, COO da Enauta.
Evento inédito com esse tema específico, o mobilizou especialistas com distintas formações, que atuam nessa área multidisciplinar, para uma imersão de três dias nos quais foram debatidos os desafios e avanços consolidados nas últimas décadas, muitos deles detalhados nos mais de 100 trabalhos técnicos inscritos nesse primeiro congresso, cujo último dia foi realizado no berço do flow assurance, o Cenpes.
“Foi uma grande satisfação receber especialistas de diversas partes do mundo para discutir os grandes desafios e compartilhar conhecimento sobre os avanços consolidados na garantia do escoamento em águas profundas e ultraprofundas, cenário no qual o Brasil vem se destacando nas últimas décadas”, afirmou a Technical Chair do FATC, Marcia Khalil, consultora técnica da Petrobras.
A relevância dos assuntos tratados nos três dias do evento, em 14 sessões (sete técnicas e sete especiais), cinco palestras e cerca de 70 sessões posters, além de atividades complementares, ficou mais do que clara pelo nível técnico dos participantes do congresso, que teve nada menos que 13 patrocinadores (Petrobras, Schlumberger, ESSS O&G, Kongsberg, ChampionX, Italmatch Chemicals, PRIO, AspenTech, Enauta, Dorf Ketal, Arkema, Halliburton e Subsea7.
“O nosso principal objetivo foi reunir as principais cabeças que se dedicam a estudar todos os aspectos que impactam a garantia do escoamento. Ainda que estejamos conectados com a comunidade internacional, nada substitui a interação presencial e a imersão no tema”, explicou o chair do comitê organizador do FATC, João Carneiro, do Instituto ISDB FlowTech
“Ter acesso a mais de 100 trabalhos técnicos, que retratam desafios e avanços em projetos complexos, no qual foram utilizadas distintas tecnologias, é uma oportunidade rara. Mais ainda quando temos a oportunidade de discutir o que vimos com os autores e ouvir palestras dos principais especialistas da área”, pontua co-chair do comitê técnico do FATC2022, Adriana Teixeira, da Petrobras, única brasileira no Flow Assurance Technical Section da SPE International.
O evento também contou com o apoio institucional da SPE Seção Brasil, Comunidade Flow Assurance, Associação Brasileira de Engenharia Química (ABEQ), CTDUT – Centro de Tecnologia em Dutos e do PRH-ANP – Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.