BW se volta para fpsos
Crise leva grupo norueguês a rever estratégia de atuação e mirar concorrências da Petrobras
O grupo BW voltará a priorizar o segmento de operação de FPSOs, analisando já a possibilidade de disputar a licitação da Petrobras para o afretamento da unidade de Itapu, no cluster de Santos. A reviravolta na estratégia foi pressionada pela queda do preço do barril do petróleo e colocou em segundo plano a recente iniciativa da companhia norueguesa de investir na atuação como petroleira, com a operação do campo de Maromba, na Bacia de Campos.
A nova diretriz do grupo se volta principalmente ao Brasil e às oportunidades de negócios com a Petrobras. Além do FPSO de Itapu, a petroleira brasileira tem planejada a liberação do edital de Búzios VI e uma série de outras unidades de produção.
Ao menos até o que o valor da commodity volte a subir, o grupo não fará grande investimento em seus projetos de produção, o que deixa os planos de desenvolvimento de Maromba na gaveta até segunda ordem.
Desde 2019, a BW voltava suas atenções às atividades da recém criada BW Energy (BWE), responsável pelo segmento de produção de petróleo, visando à aquisição de campos com sinergia com a lista de FPSOs próprios da carteira sem contratos. Nesse período, a atividade da BW Offshore (BWO) praticamente se limitou à gestão dos contratos de afretamento em curso.
A última licitação de FPSO analisada pela BWO no Brasil foi a de Búzios V, em 2018. Embora tenha feito todos os estudos para participar da concorrência, a diretoria acabou não autorizando a apresentação de proposta.
A volta da BWO ao jogo — sem a concorrência interna de sua petroleira — pode mexer com a dinâmica da licitação do FPSO de Itapu e de novos processos da Petrobras. Embora a empresa viesse analisando o edital, apenas a SBM e a Ocyan demonstravam, até então, interesse pelo negócio.
O redirecionamento da estratégia ocorre às vésperas da BWO registrar baixa na sua carteira de FPSOs no Brasil e perder seu único contrato com a Petrobras. A companhia se prepara para iniciar, nos próximos meses, a desmobilização do FPSO Cidade de São Vicente, que, por 11 anos, realizou testes de longa duração para a petroleira brasileira.
A carteira de contratos da BWO no país conta ainda com o FPSO de Polvo, sob contrato com a PetroRio, e a prestação de serviço de operação do FPSO de Peregrino para a Equinor.
O último contrato entregue pela BWO foi o FPSO BW Catcher, que entrou em operação em janeiro de 2018, no Mar do Norte, para a Premier Oil. No mesmo ano, foi dada a partida no FPSO BW Adolo, unidade da carteira convertida para operar no campo de Dussafu, no Gabão, adquirido pela BWE.
O último contrato da empresa com a Petrobras foi relativo à P-63, FPSO construído sob o modelo de BOT (Build Operate Transfer) para produzir no campo de Papa Terra, na Bacia de Campos, em 2013.
Brasil Energia