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Petrobras reúne fornecedores para garantir disputa por FPSOs

Para que a indústria dê conta das quatro licitações de FPSOs abertas, a Petrobras montou uma sala de colaboração com os seus principais fornecedores. A estatal tem medido constantemente a temperatura do mercado para avaliar a capacidade das empresas de dar conta da sua demanda por seis FPSOs – dois para o projeto em águas profundas de Sergipe (SEAP), dois para Sépia-Atapu (Bacia de Santos), um para Albacora (Bacia de Campos) e outro para Barracuda-Caratinga (Bacia de Campos). Com isso, a empresa espera evitar que os seus projetos de produção de óleo e gás sejam afetados ou que o número de participantes nas licitações fique limitado.

Uma sinalização da preocupação da Petrobras aparece no edital de contratação dos navios-plataforma destinados ao projeto de águas profundas de Sergipe. Nele, está previsto que a empresa vencedora pode desistir do negócio se também for escolhida como a melhor proponente na concorrência para contratar o FPSO Albacora, que será instalado na Bacia de Campos, como parte do programa de revitalização de campos maduros.

As duas licitações são concorrentes porque ambas são de afretamento, como afirmou o diretor de Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, ao Petróleo Hoje. Além delas, a estatal está contratando, na modalidade afretamento, o FPSO do projeto Barracuda-Caratinga, também para a Bacia de Campos. Esse leilão já está em fase final de negociação com a BW e a Ocyan, que apresentaram as melhores propostas.

As embarcações que serão instaladas em águas profundas de Sergipe vão ser conectadas a seis campos – Budião, Budião Noroeste, Budião Sudeste, Palombeta, Agulhinha e Cavala. Já a unidade de Albacora vai substituir as plataformas P-25 e P-31. O FPSO de Barracuda-Caratinga, por sua vez, será interligado a 28 poços e sua capacidade de produção será de 100 mil barris por dia de óleo e 6 milhões de m³ por dia de gás.

Há ainda os casos de Sépia 2 e Atapu 2, que não concorrem com nenhuma outra licitação por se tratarem de aquisições e não de afretamento. Esse edital foi dividido em três lotes – um relativo à P-84 (Atapu), outro à P-85 (Sépia), enquanto o terceiro é um pacote integrador voltado às duas plataformas. As unidades terão capacidades de 225 mil bpd de óleo e 10 milhões de m³ por dia de gás. O início da operação está previsto para 2028.

A Petrobras aposta no sucesso das licitações e que haverá um número suficiente de fornecedores aptos a construir as embarcações. Ainda assim, considera a possibilidade de rever os prazos de entregas de propostas caso seja necessário à organização das fornecedoras. Ela também toma o cuidado de não lançar editais num mesmo período, segundo Travassos.

“Até hoje, não aconteceu disso (mudanças nos prazos das licitações) interferir nos prazos dos projetos. Quando a Petrobras analisa os riscos dos projetos, já considera possíveis mudanças nos prazos das licitações. Há uma gordura do planejamento a ser consumida”, disse Travassos, acrescentando que a estatal tem conseguido identificar e manobrar possíveis problemas.

No mês passado, a Petrobras adiou a data de entrega de propostas para os afretamentos dos FPSOs do projeto SEAP, de 14 de outubro para 15 de janeiro de 2024.

“Olhando também os projetos, os requisitos, dificilmente eles serão atendidos pelos mesmos grupos de empresas. Eles têm complexidades diferentes. SEAP é uma unidade majoritariamente de gás, tem requisitos técnicos diferentes. Por isso, acreditamos que ele será abarcado por um determinado grupo de empresas”, afirmou o diretor da Petrobras.

Uma das dificuldades que as empresas têm é o acesso ao capital. Em fase final de negociação com a estatal, ao lado da BW, pela contratação do FPSO Barracuda-Caratinga e interessada no projeto de Sergipe, a Ocyan, por exemplo, busca sócios investidores. A intenção é atrair um parceiro com perfil financeiro. A engenharia de construção e operação do FPSO ficaria por conta da Ocyan.

Conteúdo local

Em palestra a fornecedores na Offshore Technology Conference (OTC), Travassos voltou a defender o aproveitamento das vocações de cada segmento da indústria nacional, inclusive regionais, como meio de competir com fornecedores estrangeiros. Ele aposta, por exemplo, na capacidade do mercado local de atender às demandas da Petrobras pelos módulos que serão instalados nos navios-plataforma em licitação.

No caso da unidade destinada a Barracuda-Caratinga, a empresa limitou o conteúdo local a 10%, dentro do compromisso firmado com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível no contrato de aquisição da concessão. A adoção desse percentual mobilizou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante dos empregados da estatal, que pediu o cancelamento do edital. (Petróleo hoje)

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