SCGÁS firma termo de cooperação com o CIBiogás
Parceria abre novas portas para aprofundar estudos e aplicar projetos de aproveitamento do biometano em Santa Catarina
Apostando no potencial de desenvolvimento do biogás e na transição para uma matriz energética ainda mais limpa, a SCGÁS firmou um termo de cooperação com o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás, o CIBiogás. O objetivo da parceria, que tem duração de no mínimo três anos, é encontrar oportunidades de aplicar projetos para uso do biometano (biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás) em Santa Catarina.
O CIBiogás tem exemplos de aplicação de modelos de negócios com biogás e biometano em outros estados: um deles fica no complexo da Itaipu Binacional, onde o biometano gerado a partir de resíduos de restaurantes abastece uma frota de 40 veículos. Felipe Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, conta que a cooperação conecta as ações do projeto Aplicações do Biogás na Agroindústria Brasileira liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI e implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – UNIDO:
“Nosso principal objetivo é cooperar com a companhia no sentido de definir estratégias para ampliar o uso do biometano no estado de Santa Catarina. Esperamos analisar diversas possibilidades de produção e uso do biometano alinhado à realidade catarinense, focado em atendimentos regionais. O termo permitirá a execução deste trabalho ombro a ombro entre nosso times.”
Recentemente, uma norma nacional estabeleceu as primeiras diretrizes para injeção de biometano em redes de gás canalizado, o que pode favorecer o seu uso nas infraestruturas já implantadas pelas distribuidoras, bem como a estruturação de projetos locais em regiões do interior catarinense.
“Nosso estado possui um potencial gigantesco para produção de biometano. Queremos não apenas identificar, por meio de estudos, projetos economicamente viáveis, mas acima de tudo definir como tirá-los do papel e aplicá-los em municípios com características favoráveis para isso”, afirma Antônio Rogério Machado Júnior, gerente de tecnologia da SCGÁS.
Estimativas da CIBiogás indicam um potencial estadual de aproximadamente 800 milhões de Nm³ de biogás por ano, com 69% deste volume proveniente da pecuária de suínos, bovinos e aves. Se todo o biogás do estado de Santa Catarina fosse utilizado para produção de biometano, seria possível incrementar à rede de distribuição de gás canalizado cerca de 400 milhões Nm³, volume que corresponde a aproximadamente 60% do distribuído pela SCGÁS em 2019. O município de Concórdia se destaca como maior produtor de suínos do estado e a região do Vale do Braço do Norte teria maior concentração potencial de produção por área, constituindo-se em oportunidade relevante pela facilidade logística de operação do sistema de aproveitamento.
Estudo de 2009 realizado pela UFSC constata um cenário mais amplo de aproveitamento considerando quatro fontes: (i) biodegradação de dejetos da criação de animais; (ii) esgotos sanitários; (iii) resíduos sólidos urbanos; e (iv) efluentes industriais. De acordo com a Universidade, seria possível aproveitar três milhões de metro cúbicos de biometano diariamente, volume aproximadamente 50% superior ao total distribuído atualmente pela SCGÁS ao mercado catarinense.
O que é o biometano
O biometano é um biocombustível gasoso obtido a partir do refino do biogás. O biogás é produzido pela decomposição por microrganismos em ambiente sem oxigênio de material orgânico. O biogás é composto principalmente de metano e dióxido de carbono e após o refino pode atingir concentrações maiores do que 90% de metano e no máximo 3% de CO2. De acordo com a Resolução ANP Nº 8 de 2015, o biometano será tratado de forma análoga ao gás natural e quando usado no setor de transportes, o produtor tem direito à emissão de Créditos de Descarbonização (CIBIOS) pela RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis.